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domingo, 21 de novembro de 2010

A Morte. Partida ou Chegada?


Quando observamos, da praia, um veleiro a afastar-se da costa, navegando mar adentro, impelido pela brisa matinal, estamos diante de um espectáculo de beleza rara.
O barco, impulsionado pela força dos ventos, vai ganhando o mar azul e nos parece cada vez menor.
Não demora muito e só podemos contemplar um pequeno ponto branco na linha remota e indecisa, onde o mar e o céu se encontram.
Quem observa o veleiro desaparecer na linha do horizonte, certamente exclamará: - "já se foi". Terá sumido? Evaporado? Não, certamente. Apenas o perdemos de vista. O barco continua do mesmo tamanho e com a mesma capacidade que tinha quando estava próximo de nós. Continua tão capaz quanto antes de levar ao porto de destino as cargas recebidas. O veleiro não evaporou, apenas não o podemos ver.
Mas ele continua o mesmo. E talvez, no exacto instante em que alguém diz: - "já se foi", haverá outras vozes, mais além, a afirmar: - "lá vem o veleiro" !
Assim é a morte.
Tal como o veleiro, o ser que amamos, quando parte, continua o mesmo, as suas conquistas persistem dentro do mistério divino.
Nada se perde, a não ser o corpo físico de que já não necessita. E é assim que, no mesmo instante em que dizemos: - "já se foi", no além, outro alguém dirá : - "já está a chegar". Chegou ao destino levando consigo as aquisições feitas durante a vida.
Na vida, cada um leva sua carga de vícios e virtudes, de afectos e desafectos, até que se resolva por desfazer-se do que julgar desnecessário.
A vida é feita de partidas e chegadas.
De idas e vindas. Assim, o que para uns parece ser a partida, para outros é a chegada.
Um dia, todos nós partimos como seres imortais que somos todos nós ao encontro daquele que nos criou.

As coisas vão e voltam como as ondas do mar. Enquanto muitos partem, muitos chegam. A diferença está apenas no choro e na tristeza pela partida dos que vão e no sorriso e na alegria pelos que chegam. Sintamos o sabor da Verdade fluir nas nossas veias sabendo que estamos aqui apenas de passagem!...

Luto invisível.


De acordo com a nossa sociedade, existem regras de comportamento e até de sentimentos. Uma mãe que não expresse o seu sofrimento de uma forma clara, pode tornar-se vítima de comentários e assusta a sociedade com sua aparente “frieza”, e o mesmo, estranhamente, acontece quando um pai expressa toda sua emoção publicamente. Os tipos de perdas e relacionamento também influenciam a aceitação social da perda. Por exemplo, a relação entre um pai e um filho abortado não é tão reconhecida como a de um pai com um filho maior, portanto, esse tipo de luto não é validado. Na comunicação social, quando somos notificados da morte de algum jovem ou criança, quem aparece a fazer declarações e a resolver as situações burocráticas na maioria dos casos é o homem (pai). O que me parece que é desconhecido é que muitas vezes estes pais têm de conter o seu sofrimento com a intenção de poupar a mulher, o que muitas vezes é visto como uma postura de frieza em relação à perda. O que não é verdade. É que no meio de tantas obrigações e expectativas sociais, fica difícil para os homens demonstrarem o seu sofrimento pela sua perda. Lamento que o luto de um homem que perdeu o seu filho, não tenha direito a algum tipo de tratamento e acompanhamento psicológico. Muito se estuda sobre a dor das mulheres e mães que perderam filhos, mas pouco se encontra nas prateleiras de livros e teses sobre luto, questões referentes ao luto paterno e ao luto masculino. O Luto masculino acaba por ser marginalizado e pouco estudado, devido a regras sociais que impõe que os homens não devem demonstrar com lágrimas e emoções o seu pesar. Mas nem por isso os homens deixam de expressar de outras formas suas as emoções, e por isso, o luto masculino, deveria merecer mais atenção. Após a perda, e num primeiro momento, entramos em choque, não conseguimos acreditar na morte (perda) do filho, tomando uma postura de negação em relação ao ocorrido. Há uma tentativa de continuar a viver como se nada tivesse acontecido. É uma reacção de defesa contra o impacto da perda. Depois, vem uma fase de raiva, muita raiva. É uma fase de bastante inquietação, onde acontecem os sonhos diários com o filho perdido. Segue-se o desespero: fase bastante difícil, na qual, damos conta que, de facto, a perda é irrecuperável. É a fase de apatia e depressão. Posteriormente, a depressão mistura-se com sentimentos bons, vamo-nos adaptando às mudanças ocorridas na nossa vida, consegue-se reinvestir a energia noutras coisas e a nossa relação com a perda é estabelecida de uma forma diferente e mais pacífica.

Na minha opinião, a grande dificuldade que os homens têm para superar o luto, é o facto desse luto não ser reconhecido. Isto ocorre sobretudo quando a perda sofrida pela pessoa não é considerada significativa pela sociedade em que se vive. O grande exemplo é a perda de um filho abortado. O luto paterno, não é, de facto reconhecido. A sociedade espera que um homem seja forte e não demonstre publicamente seu sofrimento, assim, quando um homem sofre uma perda, muitas vezes, a sociedade e o grupo à sua volta reage como se o homem não sofresse, e passa a dedicar seu apoio à mulher, enquanto o homem se dedica a resolver aspectos burocráticos e concretos relativos à perda. De facto, o sofrimento masculino, raramente é reconhecido. E o problema é que um luto quando não reconhecido, pode tornar-se num luto complicado na medida em que o “enlutado” não pode ou não consegue expressar a sua perda como gostaria e/ou deveria. Acredito que o impacto da perda de um filho em qualquer idade ou circunstância pode permanecer por anos, e essa é certamente uma das perdas mais devastadoras que um ser humano pode sofrer. O luto de um pai, por aborto de um filho, dado não ser tão reconhecido, tem o problema de “adiar” o processo de luto. E porquê? Porque como ninguém oferece “ajuda”, o pai tem dificuldade de demonstrar as suas fraquezas publicamente e até, de pedir ajuda, pois isso (eventualmente) seria um sinal de fraqueza face às expectativas colocadas sobre ele. Ele passa a acreditar então, que as suas perdas não devem incomodar os outros, pois dizem respeito única e exclusivamente a si. Já as mulheres expressam facilmente os seus sentimentos, sendo-lhes disponibilizadas ajudas, quer pelo núcleo familiar e amigo, quer de acompanhamento psicológico, previsto na lei. Essa repressão dos sentimentos provoca nos homens diversas reacções fisiológicas, como insónia, mal-estar, stress, que acaba em fadiga. Após esta explanação, gostaria de deixar aqui algumas questões para reflexão. - Caso o luto de um pai fosse reconhecido pela sociedade, e o homem também fosse submetido a um acompanhamento psicológico a par com a sua esposa, alguns meses depois da perda de um filho, a dor seria ultrapassada mais rapidamente?


- Ou, pelo menos, o casal compreenderia melhor a forma de sofrimento um do outro? - Se um pai enlutado tivesse tido a oportunidade de expressar seu pesar, no momento certo, sofreria menos? Por fim, gostaria de alertar, para a importância da educação para a morte na nossa sociedade, para que as pessoas compreendam mais e aceitem todos os tipos de perdas e expressões de morte, evitando por vezes, que pessoas enfrentem lutos complicados e ainda mais dolorosos.


(Colectânea de textos originais de minha autoria)

sábado, 20 de novembro de 2010

Educação Multicultural.


«Se reflectirmos ponderadamente, será fácil apercebermo-nos que num país tão pequeno como o nosso, os habitantes das diversas regiões possuem costumes diferentes, pronunciam algumas palavras de forma diferente, acreditam em coisas diferentes... Se convivemos todos em harmonia há tantos anos, qual é a justificação para não aceitarmos outras pessoas, quando a base desse argumento é a diferença, que afinal tanto nos une?» Nogueira (2001)


Educação multicultural significa o conjunto de estratégias baseadas em programas curriculares que expressem a diversidade de culturas e estilos de vida, tendo em vista promover a mudança de percepções e atitudes que facilitem a compreensão e a tolerância entre indivíduos de origens étnicas diversas.
O professor encontrará sempre diversidade entre os alunos das suas classes seja qual for o contexto onde desenvolva a sua actividade. Essa diversidade pode expressar-se através de diferenças socioeconómicas, culturais, linguísticas, de cor de pele, de género e outras.
A diferença é, assim, um dos principais factores a ter em conta na acção da escola e dos professores.
Após a descolonização essa diversidade cultural tornou-se um fenómeno de importância crescente na sociedade.
A desigualdade tem sido a prática. Os professores em contextos escolares e etnicamente heterogéneos tendem a afirmar que tratam todos os seus alunos da mesma maneira e que para eles são todos iguais. No entanto estas frases não são compatíveis com práticas orientadas para responder às necessidades e interesses individuais definidos em função da raça, etnia ou classe social e assim promover a igualdade de oportunidades entre todos. Um aluno desfavorecido é em geral entendido através das suas desvantagens económicas, sociais... e raramente através de desvantagens ligadas à raça, à condição de imigrante, a situação de clandestinidade, às diferenças culturais, linguísticas etc.
Com efeito o percurso escolar dos alunos pertencentes a minorias étnicas é em geral mais difícil e desvantajoso do que o percurso escolar dos alunos pertencentes à cultura dominante. Os conhecimentos, as competências, os valores e atitudes mais valorizados pelo mercado de trabalho são as características da sua cultura, ou seja, os que a escola mais privilegia. Os outros alunos pertencentes às minorias é exigido que sejam bilingues e biculturais para que possam participar nas actividades escolares e tenham direito ao sucesso educativo. Desta forma os alunos não pertencentes ao grupo cultural dominante estão em desvantagem e as suas expectativas e motivação académicas tendem a ser baixas. Também a expectativa dos professores em relação ao sucesso destes alunos tendem a ser baixas, com efeitos negativos nas expectativas, na auto-imagem, nas motivações e consequentemente, na integração e no sucesso escolares desses alunos.

Quais as verdadeiras barreiras ao sucesso?

Prevalece ainda no senso comum a ideia que as capacidades intelectuais dos indivíduos variam em função da raça a que pertencem.
A importância do contexto familiar para o sucesso escolar. As características e o funcionamento da família variam em função dos contextos culturais e socioeconómicos. Algumas pessoas consideram como desviantes certas situações no seio de famílias pertencentes a minorias étnicas, quando na verdade são traços culturais da própria cultura. Os professores desta forma subestimam as capacidades dessas crianças.
As desvantagens socioeconómicas afectam particularmente as famílias pertencentes a minorias étnicas e, em consequência as aprendizagens escolares. O facto de o professor enfatizar as desvantagens sociais daquelas crianças pode levá-lo a atitudes de desistência ou de demissão do seu dever profissional de proporcionar a todos os alunos condições para o sucesso educativo.
A dificuldade no domínio da língua, na escola, é um factor de insucesso. Tem sido dada pouca importância aos problemas de aprendizagem e outros efeitos marginais (na auto-estima, na auto-confiança, etc) decorrentes das dificuldades linguísticas que se levantam às crianças africanas que falam o crioulo, por exemplo.
Os factores relacionados com as estruturas e processos escolares. A insuficiência e inadequação dos materiais, a organização de tempo e espaço, formas de planificação, ausência de mecanismos adequados de apoios e complementos educativos etc, são causas do insucesso. A organização e projecto global da escola devem considerar em todos os seus domínios de acção a sua natureza multiétnica. O investimento de um ou alguns professores no sentido de práticas de educação multicultural tende a perder-se quando a escola como um todo não está organizada em função da diversidade da população.
As expectativas dos professores em relação à progressão dos alunos têm muita influência na aprendizagem. Os professores tendem a conceber perfis de bons alunos. Quanto mais distante estiver dessas referências, menor serão as expectativas do professor em relação às suas aprendizagens, menor será o esforço e dedicação do professor em favor do aluno, afectando a sua auto-estima, auto-confiança e portanto a sua motivação.
É necessário tomar iniciativas adequadas e realistas tendo em vista facilitar a integração daqueles alunos através de:
- apoios suficientes em recursos humanos, materiais e financeiros às escolas;
- currículos desafiadores de práticas de educação para a igualdade; - apoio à formação do professor para desenvolverem práticas de educação para a igualdade.

No entanto, acredito que todas as pessoas, sendo assim como são - distintas - são especiais e interessantes na sua maneira de ser. Devemos valorizá-las e temos que aprender a conviver com as diferenças. E é essa mensagem que a escola tem de trazer aos seus educandos a respeito deste fenómeno de nosso mundo globalizado.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

A VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS EXISTE? EXISTE.


A violência na escola existe e não tem apenas a ver com alunos, ou com professores, ou com escolas, ou com estratos sociais.
Isto tem a ver com algo muito profundo e aterrador que é a “espécie de geração” que estamos a criar.
No meu tempo, éramos educados por pessoas. Hoje, os nossos jovens são educados por ecrãs (televisão e computador). E os ecrãs não são humanos…
Talvez por isso as nossas crianças cresçam sem emoções, muito vazias por dentro, sem um olhar “humano” para quem as rodeiam.
São também criadas na ilusão de que tudo lhes é permitido, vivendo numa impunidade e irresponsabilidade atroz. Julgam (ou pior, têm a certeza) que a vida é uma longa avenida de prazer, sem regras, sem leis, e que nada, absolutamente nada, dá trabalho.
Nós, pais e professores vamos deixando que isto aconteça, ou por incompetência de uns, ou por impossibilidade de outros.
Hoje é frequente que um jovem agredida um professor, ou empurre um velhinho no autocarro, ou insulte um funcionário da escola… e muitas outras coisas igualmente verdadeiras e inadmissíveis que se passam todos os dias.
A escola, hoje, serve para tudo menos para estudar.
A casa, hoje, serve para tudo menos para dar (as mínimas) noções de comportamento e boa educação.
E eles vão continuar a viver, desumanizados, diante dos ecrãs…
E nós? Vamos continuar a deixar?...

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Educação para a Criatividade


"Precisamos levar a arte que hoje está circunscrita a um mundo socialmente limitado a se expandir, tornando-se património da maioria e elevando o nível de qualidade de vida da população."
Ana Mae Barbosa (1991: 6)

Cada vez menos a escola se preocupa em preparar os alunos para escolher um bom filme, um bom livro, viver bem com os amigos e as demais pessoas, gerir uma família, ser um bom cidadão, isto porque, o modelo a seguir é o do trabalho, ao qual estamos presos, pensando, erradamente, que só será feliz aquele que trabalhar bem. É este paradoxo que vem destruindo de certa forma a família e as boas relações de amizade entre as pessoas.
Defendo a educação das crianças para uma sociedade da criatividade.
E o que é criatividade?
A criatividade é uma qualidade própria da pessoa humana, se entendermos que a pessoa é o lugar do criativo. Um dos grandes entraves para mudarmos esta situação, através da escola é a burocracia. Criatividade e burocracia são duas coisas incompatíveis. Sendo a escola o primeiro espaço formal onde se dá o desenvolvimento de cidadãos, nada melhor que por aí se dê o contacto sistematizado com o universo artístico e suas linguagens: artes visuais, teatro, dança, música e literatura. Contudo, o que se percebe é que o ensino da arte está relegado ao segundo plano, ou é encarado como mera actividade de lazer e recreação.
É uma pena!

terça-feira, 16 de novembro de 2010

O POEMA DA "MENTE"






Há um primeiro-ministro que mente,

Mente de corpo e alma, completa/mente.

E mente de maneira tão pungente,

Que a gente acha que ele, mente sincera/mente,

Mas que mente, sobretudo, impune/mente...

Indecente/mente.

E mente tão nacional/mente,

Que acha que mentindo história afora,

Nos vai enganar eterna/mente.

sábado, 13 de novembro de 2010

A indisciplina nas Escolas (Vista por F. Savater)


O aumento da violência nas escolas reflecte a crise da autoridade familiar.
Especialistas em educação defendem que o aumento da violência escolar deve-se, em parte, a uma crise de autoridade familiar, pelo facto de os pais renunciarem a impor disciplina aos filhos, remetendo essa responsabilidade para os professores.
Os participantes no encontro “Família e Escola: um espaço de convivência”, dedicado a analisar a importância da família como agente educativo, consideram que é necessário evitar que todo o peso da autoridade sobre os menores recaia nas escolas.
“As crianças não encontram em casa a figura de autoridade”, que é um elemento fundamental para o seu crescimento, diz o filósofo Fernando Savater.
“As famílias não são o que eram antes e hoje o único meio com que muitas crianças contactam é a televisão, que está sempre em casa”, sublinha.
Para Savater, os pais continuam “a não querer assumir qualquer autoridade”, preferindo que o pouco tempo que passam com os filhos “seja alegre” e sem conflitos e empurrando o papel de disciplinador quase exclusivamente para os professores.
No entanto, e quando os professores tentam exercer esse papel disciplinador, “são os próprios pais e mães que não exerceram essa autoridade sobre os filhos que tentam exercê-la sobre os professores, confrontando-os”, acusa.
“O abandono da sua responsabilidade retira aos pais a possibilidade de protestar e exigir depois. Quem não começa por tentar defender a harmonia no seu ambiente, não tem razão para depois se ir queixar”, sublinha. Há professores que são “vítimas nas mãos dos alunos”.
Savater acusa igualmente as famílias de pensarem que “ao pagar uma escola” deixa de ser necessário impor responsabilidade, alertando para a situação de muitos professores que estão “psicologicamente esgotados” e que se transformam “em autênticas vítimas nas mãos dos alunos”.
A liberdade, afirma, “exige uma componente de disciplina” que obriga a que os docentes não estejam desamparados e sem apoio, nomeadamente das famílias e da sociedade.
“A boa educação é cara, mas a má educação é muito mais cara”, afirma, recomendando aos pais que transmitam aos seus filhos a importância da escola e a importância que é receber uma educação, “uma oportunidade e um privilégio”.
“Em algum momento das suas vidas, as crianças vão confrontar-se com a disciplina”, frisa Fernando Savater.
O filósofo explica que é essencial perceber que as crianças não são hoje mais violentas ou mais indisciplinadas do que antes; o problema é que “têm menos respeito pela autoridade dos mais velhos”.
“Deixaram de ver os adultos como fontes de experiência e de ensinamento para os passarem a ver como uma fonte de incómodo. Isso leva-os à rebeldia”, afirma.
Daí que, mais do que reformas dos códigos legislativos ou das normas em vigor, é essencial envolver toda a sociedade, admitindo Savater que “mais vale dar uma palmada, no momento certo” do que permitir as situações que depois se criam.
Como alternativa à palmada, o filósofo recomenda a supressão de privilégios e o alargamento dos deveres.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

VIDA





Quem sou eu para ficar triste?
Vejam a minha família e a minha fortuna,
Vejam os meus amigos e a minha casa.
Quem sou eu para me sentir sem vida?
Quem sou eu para me sentir esgotada?
Vejam a minha saúde e o meu dinheiro.
Para onde vou para me sentir bem?
Porque ainda procuro fora de mim?
Vejo claramente que isso não vai funcionar.
Enquanto no resto do mundo…
É virtude minha continuar quando não sou capaz?
É trabalho meu ser extraordinariamente altruísta?
A minha generosidade foi desabilitada por isso.
A ideia de que a minha tarefa é oferecer.
Porque me sinto tão ingrata?
Eu que estou muito além de apenas sobreviver.
Eu que vejo a vida como uma ostra.
É justo ser tão diferente?
Como ouso descansar na minha glória?
Como ouso ignorar uma mão estendida?
Como ouso ignorar um país do terceiro mundo?
Quem sou eu para ficar triste?
(Allanis Morissette – Vida)
Ainda acham a vossa vida assim tão má?

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Sobre os Professores... alguém com lucidez.


"A contínua hostilização aos professores feita por este, e outros governos, vai acabar por levar cada vez mais pais a recorrer ao privado, mais caro e nem sempre tão bem equipado, mas com uma estabilidade garantida ao nível da conflitualidade laboral. O problema é que esta tendência neo-liberal escamoteada da privatização do bem público, leva a uma abdicação por parte do estado do seu papel moderador entre, precisamente, essa conflitualidade laboral latente, transversal à actividade humana, a desmotivação de uma classe fundamental na construção de princípios e valores, e a formação pura e dura, desafectada de interesses particulares, de gerações articuladas no equilíbrio entre o saber e o ter. O trabalho dos professores, desde há muito, vem sendo desacreditado pelas sucessivas tutelas, numa incompreensível espiral de má gestão que levará um dia a que os docentes sejam apenas administradores de horários e reprodutores de programas impostos cegamente. (…) O que eu gostaria de dizer é que o meu avô, pai do meu pai, era um modesto, mas, segundo rezam as histórias que cruzam gerações, muito bom professor e, sobretudo, um ser humano dotado de rara paciência e bonomia. Leccionava na província, nos anos 30 e 40, tarefa que não deveria ser fácil à altura: Salazar nunca considerou a educação uma prioridade e, muito menos, uma mais-valia, fora dos eixo Estoril-Lisboa, pelo que, para pessoas como o meu avô, dar aulas deveria ser algo entre o místico e o militante. Pois nessa altura, em que os poucos alunos caminhavam uma, duas horas, descalços, chovesse ou nevasse, para assistir às aulas na vila mais próxima, em que o material escolar era uma lousa e uma pedaço de giz eternamente gasto, o meu avô retirava-se com toda a turma para o monte onde, entre o tojo e rosmaninho, lhes ensinava a posição dos astros, o movimento da terra, a forma variada das folhas, flores e árvores, a sagacidade da raposa ou a rapidez do lagarto. Tudo isto entrecortado por Camões, Eça e Aquilino. Hoje, chamaríamos a isto ‘aula de campo’. E se as houvesse ainda, não sei a que alínea na avaliação docente corresponderia esta inusitada actividade. O meu avô nunca foi avaliado como deveria. Senão deveria pertencer ao escalão 18 da função pública, o máximo, claro, como aquele senhor Armando Vara que se reformou da CGD e não consta que tivesse tido anos de ‘trabalho de campo’. E o problema é que esta falta de seriedade do estado-novo no reconhecimento daqueles que sustentaram Portugal, é uma história que se repete interminavelmente até que alguém ponha cobro nas urnas a tais abusos de autoridade. Perante José Sócrates somos todos um número: as polícias as multas que passam, os magistrados os processos que aviam, os professores as notas que dão e os alunos que passam. Os critérios de qualidade foram ultrapassados pelas estatísticas que interessa exibir em missas onde o primeiro-ministro debita e o poviléu absorve". (…)
Pedro Abrunhosa

Não deixem que a vida passe em branco


"Um dia a maioria de nós irá separar-se. Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas fora, das descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos, dos tantos risos e momentos que partilhamos. Saudades até dos momentos de lágrimas, da angústia, das vésperas dos finais de semana, dos finais de ano, enfim... do companheirismo vivido. Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre. Hoje não tenho mais tanta certeza disso. Em breve cada um vai para seu lado, seja pelo destino ou por algum desentendimento, segue a sua vida. Talvez continuemos a nos encontrar, quem sabe...nas cartas que trocaremos. Podemos falar ao telefone e dizer algumas tolices... Aí, os dias vão passar, meses... anos... até este contacto se tornar cada vez mais raro. Vamo-nos perder no tempo... Um dia os nossos filhos verão as nossas fotografias e perguntarão: "Quem são aquelas pessoas?" Diremos...que eram nossos amigos e... isso vai doer tanto! -"Foram meus amigos, foi com eles que vivi tantos bons anos da minha vida!" A saudade vai apertar bem dentro do peito. Vai dar vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente... Quando o nosso grupo estiver incompleto... reunir-nos-emos para um último adeus de um amigo. E, entre lágrima abraçar-nos-emos. Então faremos promessas de nos encontrar mais vezes daquele dia em diante. Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vida, isolada do passado. E perder-nos-emos no tempo... Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: não deixes que a vida passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de grandes tempestades... Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!"

Fernando Pessoa.

O Ensino da Leitura: A compreensão de Textos - Texto Instrucional


"As actividades de decifração nunca devem ser separadas do verdadeiro sentido da leitura e da compreensão, isto é, devem ocorrer sempre em contexto de leitura significativa para a criança". (Sim-Sim, 2007).

A escola é o grande iniciador da leitura para a maioria das crianças. Deverá, por isso, garantir que esta actividade seja aprendida em situações de forte significação pessoal. Para isso, a leitura não pode ser apresentada como uma actividade mecânica, mas como uma actividade construtiva e empenhada do aluno, como algo a ser compreendido por referência àquilo que a criança já sabe e àquilo que quer saber para alcançar os seus objectivos. Só quando a criança conseguir estabelecer estes vínculos e perceber o valor e utilidade instrumental da leitura é que poderá empenhar-se na leitura de modo tão completo que assegure que o acto de ler é um verdadeiro acto de aprendizagem. Em suma: os textos são unidades de ensino/aprendizagem, onde o aluno deve participar activamente, não apenas copiando ou reproduzindo, mas interagindo com ele. Segundo Ana Maria Kaufman e Maria Elena Rodríguez (Leitura e Produção de Textos. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995), a capacidade alcançada no domínio destes textos incide directamente na nossa actividade diária concreta. O seu uso frequente e sua utilidade imediata justificam o trabalho escolar de abordagem e de produção de algumas de suas variedades, como é o caso de textos instrucionais. A escola e os professores, muitas vezes, acomodam-se aos textos já prontos e esquecem-se de olhar para a realidade de seus alunos e explorar textos que fazem parte do seu quotidiano, facilitando a sua compreensão e incentivando a produção textual. Os textos instrucionais são exemplos bem simples disto, pois estão presentes na comunidade e na vida escolar, possibilitando um melhor entendimento do aluno, ajudando-o a seguir instruções e regras, bem como a melhorar a sua atenção, raciocínio lógico e disciplina.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Algumas dicas para um relacionamento saudável com os alunos


Este pequeno texto tem como objectivo ajudar os professores a lidar com a faixa de alunos mais incompreendidos e maltratados do sistema de Ensino em Portugal, também conhecidos pelos “filhos da Ministra”.

Não se trata de uma receita e por isso estou aberto a críticas e sugestões, se as houver. O propósito é corrigir eventuais desvios de comportamento dos professores, perante determinadas situações reais, comprometedores para o futuro de uma parte dos discentes, e de suas famílias, que tanto sacrifício fazem para frequentar uma escola.
São algumas questões, mais frequentes, e sobre elas amanhei os alvitres que me pareceram mais coerentes.

1 - Quando o(a) aluno(a) chega atrasado(a).

O melhor é mandá-lo entrar, e averiguar dos motivos do atraso. Procure sobretudo saber se a família ficou bem em casa, e verifique se arfa, mesmo que levemente, devido à pressa com que, com certeza, se dirigiu para a aula. Pergunte se não quererá um copo de água, e descansar um bocadinho no recreio, ou mesmo ali debruçado sobre a mesa. Se já marcou a respectiva falta, releve-a, para que o aluno numa próxima oportunidade, não se sinta pressionado.

2 - Quando o(a) aluno(a) pede para ir lá fora, ainda mal acabou de entrar na sala de aula.

Se isso acontecer, mesmo que tenha acabado de entrar, seja compreensivo, ele pode muito bem estar com necessidade de fazer alguma necessidade que não fez durante o intervalo, devido ao facto de ter tido coisas mais importantes para fazer. É sabido que o curto lapso de tempo, que é o interregno entre aulas, mal dá para namorar um pouco ou mastigar um pastel de nata. Na dúvida deve sempre deixar o aluno sair, porque é regra de ouro que, na dúvida, impera sempre a vontade dos alunos.

3 - Quando o(a) aluno(a) não está a prestar atenção ao que o docente está a dizer.

Quando o aluno está “ausente” questione-o, no sentido de saber, se essa “ausência” tem alguma coisa a ver com preocupações da sua vida familiar, amorosa, social, ou outra. Pergunte-lhe em que estava a pensar e ajude-o na medida do possível.
Ofereça-lhe boleia para casa, no fim das aulas, e no percurso pergunte-lhe se é problema de dinheiro. Se for, empreste-lhe a quantia que achar razoável para que ele resolva os seus problemas mais urgentes.

4 - Quando o aluno está permanentemente virado para trás.

Nestes casos convém verificar se o aluno está na última fila ou nas outras mais à frente. Se estiver na última fila pode tratar-se de síndrome de perseguição, uma vez que atrás dele, presumivelmente, não está ninguém, embora ele imagine que está, e daí virar-se. Assinale o facto, e na 1ª oportunidade transmita o sucedido ao DT a fim de que ele proceda em conformidade, porventura comunicando o caso à Equipa de Educação para a Saúde. Se ele estiver numa das filas à frente da fila de trás, não é preocupante, espere que ele termine a comunicação de algo inadiável, que estará a fazer para o colega à sua retaguarda, advirta-o para o perigo de se voltar bruscamente, por causa dos torcicolos. Se por acaso se verificar mesmo o torcicolo, não caia na tentação de lhe torcer o pescoço no sentido contrário porque, apesar da sua boa vontade, podem acusá-lo de agressão a jovem indefeso.

5 - Quando o(a) aluno(a) pede para ir “mijar”.

Se o aluno lhe pede para ir “mijar”, pergunte-lhe delicadamente se o que ele quer mesmo não é, “ir urinar”. Se reagir com espanto, inquirindo-lhe: “ir fázer o qué?!”, explique-lhe pacientemente que urinar é sinónimo de fazer xi-xi e que um menino educado não diz “mijar”. Quando muito poderá dizer “realizar uma micção”, ou ainda, na pior das hipóteses, usar um diminutivo popular, dizendo que vai fazer uma “mijinha”.
Se ele não perceber, ilustre a situação no quadro, ou então exemplifique você mesmo, com todos os pormenores, ao vivo e a cores.

6 - Quando o(a) aluno(a) pede para ir comer.

Se o aluno lhe pedir para ir comer, procure informar-se se é a 1ª refeição que ele vai tomar nesse dia, e sendo, aconselhe-o sobre o que deve comer para não lhe cair “fundo” no estômago. Diga-lhe também que não coma à pressa porque comer à pressa faz mal. Que não se preocupe com o tempo, porque a aula pode esperar, o essencial é a saúde. Aconselhe-o(a) a mastigar os alimentos, pelo menos 35 vezes, a fim de que o bolo alimentar fique devidamente preparado para ser recebido pelo seu delicado estômago.

7 - Quando o(a) aluno(a) boceja.

Segundo o povo, bocejar pode ter dois significados, ou se está com sono ou com fome. Procure saber qual das situações tem a ver com o bocejo, ou, o que pode ser mais grave, se for o caso das duas. Se for fome, procure saber a que se deve, porque pode ser um problema de falta de dinheiro e isso é uma situação grave e preocupante. Neste caso não hesite em disponibilizar uma pequena verba ou empreste o seu cartão da escola para que o aluno se possa alimentar. Participe depois o sucedido à Direcção da escola e entregue o talão da despesa, pode ser que haja verba para lhe restituírem o dinheiro emprestado.
Se for sono aconselhe-o a “encostar-se” um pouco na mesa e fale mais baixo, tendo em atenção os conselhos do ponto seguinte…

8 - Quando o aluno(a) dorme na aula.

Quando o aluno dorme na aula, não o acorde. Modere o tom de voz, procurando um registo mais grave e reduzindo um pouco o volume. No entanto, antes do toque de saída procure saber se ele dormiu o suficiente na noite anterior, se teve insónias devido à escola, se tem algum problema familiar ou coisa do género. Assegure-se de que, em última análise, não existirá algum problema de saúde associado. Na dúvida comunique o caso à Equipa de Educação para a Saúde.

9 - Quando o(a) aluno(a) se levanta e, sem motivo aparente, vai até à janela.

O aluno vai fazer aquilo que em gíria se chama, “laurear a pevide”. E como esta juventude precisa de “laurear a pevide” como a boca precisa de pão, não fique preocupado, ele foi ver o que se passa no recreio e logo, logo regressa ao seu lugar com muito menos vontade do que tinha, quando inopinadamente se ergueu e foi à janela. Com um bocadinho de sorte, pode ser que daí a mais um pouco se deixe dormir, para só acordar próximo da hora de acabar a aula.

10 - Quando o(a) aluno(a) fala alto com o colega do lado.

Faça um compasso de espera, sorria levemente com ar benevolente para que o aluno não se melindre. Deixe que ele acabe a conversa e pergunte delicadamente se pode continuar. Perante a resposta afirmativa agradeça o gesto e continue a sua explicação sobre a matéria. Interrompa sempre que o acto se repita e reitere o mesmo procedimento. Não mostre enfado.

11 - Quando o(a) aluno(a) o(a) manda para o “c___alho”.

Se o aluno o mandar para o c___alho, reaja com calma e pense que algum motivo ele há-de ter para se insurgir dessa forma. Não esqueça um velho princípio comercial que diz que o cliente tem sempre razão, e sendo os alunos os nossos clientes, não é preciso dizer mais nada. De qualquer forma explique-lhe que ele está a reagir de cabeça quente e que não são modos próprios para se dirigir ao professor.

12 - Quando o(a) aluno(a) grita no Hall de entrada da escola.

É bom sinal, os alunos estão a extravasar toda a energia acumulada durante um dia, resultante da pressão de tanto estudo. É um escape necessário, devemos por isso aconselhá-los a gritar ainda mais alto para abrir completamente os pulmões.

13 - Quando o(a) aluno(a) grita com a(o) funcionária(o).

Alguma o funcionário lhe fez. Devemos certificar-nos dos motivos e participar do funcionário à Direcção para que esta proceda em conformidade. Uma boa proposta será deixar o Pavilhão sem funcionário, porque assim corta-se o mal pela raiz.

14 - Quando o(a) aluno(a) solta um gás.

Quando o aluno solta um gás devemo-nos por a jeito e com as fossas nasais bem desobstruídas, a fim de que o mesmo cause o efeito desejado por quem o solta, de contrário será uma desilusão e a última coisa que devemos fazer, com os alunos, é desiludi-los. Quando o gás vem com pressão suficiente para provocar som audível, não devemos evitar que todos os outros alunos se riam, devemos, pelo contrário, incentivar e rir muito também, promovendo assim uma verdadeira alegria no trabalho. Mas atenção! O professor está terminantemente proibido de gasear. A liberdade tem limites!

terça-feira, 9 de novembro de 2010

DIFERENÇAS ENTRE UM RECLUSO E UM PROFESSOR


RECLUSO: Passa a maior parte do tempo numa cela 5x6m.
PROFESSOR: Passa a maior parte do tempo numa sala 3x4m.

RECLUSO: Tem direito a três refeições por dia, de graça.
PROFESSOR: Nem sempre tem tempo para as três refeições e tem de as pagar.

RECLUSO: É libertado por bom comportamento.
PROFESSOR: Arranjam mais trabalho com o bom comportamento.

RECLUSO: Um guarda abre-lhe e fecha todas as portas.
PROFESSOR: Tem de abrir todas as portas.

RECLUSO: Vê televisão, joga às cartas, à bola, damas...
PROFESSOR: É demitido ou suspenso se for apanhado a ver televisão ou a jogar qualquer coisa.

RECLUSO: Pode receber a visita de amigos e parentes.
PROFESSOR: Nem tem tempo de se lembrar deles.

RECLUSO: Todas as despesas são pagas pelos contribuintes.
PROFESSOR: Tem que pagar todas as suas despesas e ainda paga impostos e taxas, que servem para cobrir as despesas dos reclusos.

RECLUSO: Tem todo o tempo para ler piadinhas.
PROFESSOR: Ai dele se é apanhado...

TEMPO DE PENA: Na prisão, os reclusos saem no máximo passados 15 anos.
PROFESSOR: Tem que cumprir 35 anos e não adianta ter bom comportamento.

São estas as principais diferenças!

“A utilização do computador como recurso de aprendizagem da língua por adultos e por crianças.”

“… é prioritário que os professores sintam necessidade de fazer a sua autoformação e de utilizar esta tecnologia na própria sala de aula. Só assim desenvolverão estratégias motivantes e desafiantes para os seus alunos, integrando estas tecnologias em ambientes de aprendizagem mais ricos e estimulantes.” (CORREIA, Secundino; ANDRADE, Manuela; ALVES, Elisa, 2001, Tecnologias da Informação e da Comunicação na Educação, p.1).
Actualmente, vivemos num mundo em constante mudança que afecta a forma como trabalhamos, como ocupamos o nosso tempo de lazer, como nos relacionamos com os outros e como as informações do mundo que nos rodeia chegam até nós. Somos constantemente submersos por “tsunamis” de informação. Assim, estamos perante o desafio de vivermos e de ter de nos adaptar a uma sociedade em constante transformação.Nas escolas, tanto no âmbito educativo como no organizacional as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) têm vindo a assumir um papel cada vez mais influente e imprescindível, sendo notória uma evolução na consciencialização da sua utilização.“Os computadores provocaram, também, outras formas de ler e geram outros tipos de escrita, pelo que a aprendizagem precoce das tecnologias em relação com a leitura e a escrita pode contribuir para atenuar os efeitos das desigualdades”. (Brochura – As implicações das TIC no ensino da língua).A inclusão do computador na escola é hoje uma importante e inegável realidade. A interacção computador/aluno é, indiscutivelmente, uma prática de sucesso, pois é uma caixa mágica que oferece uma motivação extra à criança que, de mãos dadas com a tecnologia, caminha a passos acelerados para uma aprendizagem rápida e disciplinada.Apesar de não substituir o professor, o computador apresenta recursos que facilitam a aprendizagem e o trabalho de quem ensina, uma vez que, o computador deixa de ser um meio de transferir informações e passa a ser a ferramenta com a qual a criança pode formalizar os seus conhecimentos intuitivos. Ao contrário do que muitos pensam, proporcionam aulas mais dinâmicas, estimulando o aluno a pensar, a construir conhecimentos, a criar e a realizar pesquisas através da internet, desde que, evidentemente, exista um acompanhamento regrado e sistemático do trabalho realizado, por parte do professor.Mas nem tudo é um mar de rosas. Muitas escolas e os seus professores, são confrontadas com computadores que não funcionam, sem manutenção, e sem ligação à internet, ou pelo menos com uma ligação, que nem sempre funciona. A vontade subsiste, mas os meios dificultam.A educação não tem apenas que se adaptar às necessidades que se apresentam, mas deve assumir o papel de mediadora entre o acesso às tecnologias, o seu uso e as formas de interpretá-las. Saber utilizar as diferentes fontes de informação e recursos tecnológicos é crucial para adquirir e construir conhecimento.A geração de alunos que está hoje diante de nós, é a chamada geração do “ciberespaço” - da televisão, dos videoclips, dos jogos, do computador. Por Isso, é fundamental construir um ensino que esteja ligado a esta vida social dos alunos, inerente ao seu tempo, incorporando ao processo de ensino-aprendizagem a Tecnologia Educativa.Assim, este domínio da formação, “ A utilização do computador como recurso de aprendizagem da língua por adultos e por crianças”, permitiu-me reflectir sobre como os alunos encaram, como vivem, como pensam e sentem o seu trabalho, utilizando esta prática pedagógica. Os conteúdos que integram as brochuras TIC são bastante oportunos e são apresentados de forma simples e clara, levando-nos a abordar e reflectir sobre questões variadas e relacionadas com a utilização do computador. Só assim, podemos fazer opções pedagógicas e perceber de que modo o computador pode contribuir para aquisição de um conjunto de competências que favoreçam os alunos a vários níveis:
· Formação pessoal (aprender a viver em comum).· Domínio dos saberes (aprender a conhecer e aprender a fazer).· Domínio das atitudes e valores (aprender a ser).Ainda sobre a utilização do computador, ao longo da formação confirmei, mais uma vez, que este constitui uma fonte de interesse, motivação e envolvimento de professores e alunos, proporcionando a criação de ambientes de aprendizagem muito estimulantes, ajudando a introduzir metodologias mais incentivadoras das actividades pedagógicas. Tudo isto contribuindo para o sucesso educativo dos alunos.A utilização das TIC tem ainda outras vantagens evidentes, a saber:
· Acesso a informação mais actual, diversificada e disponível em suportes mais atraentes, interactivos e dinâmicos.· No desenvolvimento da colaboração entre os professores.· Na possibilidade de troca de experiências entre professores de escolas diferentes.· No reforço da capacidade de leitura e escrita e de resolver problemas.· Permite também e no que concerne a alunos com necessidades específicas de aprendizagem: estimular e motivar para a aprendizagem, proporcionando a oportunidade de obter melhores resultados, potenciando a autonomia e auto-estima, reduzindo o risco de insucesso escolar.
Com a ligação à Internet abre-se ainda a possibilidade de participação em actividades/projectos com alunos de outras escolas. Este tipo de actividades/projectos estimulam:
· A produção de textos, desenhos, etc.· A composição, envio e recepção de correio electrónico;· A pesquisa de informação;Sendo as TIC uma área que, pessoalmente, sempre me interessou bastante e onde tenho investido um pouco a minha formação pessoal, frequentando sempre que possível formações nesta área, considerei este domínio muito interessante. Acabou por ajudar-me a perceber ainda melhor a importância da implementação de novos modelos curriculares com maior ênfase em competências transversais, incluindo as TIC como ferramentas potenciadoras e geradoras de novas situações de aprendizagem e metodologias de trabalho.“Usar adequadamente as TIC na Educação significa desenvolver sentimentos. Essencialmente, desenvolver os sentimentos sobre computadores, o que não significa desenvolver competências sobre aspectos técnicos, reduzindo a utilização das TIC na Educação à descrição dos diferentes softwares usados na Educação ou ao ensino de recursos das ferramentas computacionais; também não se restringe à discussão de aspectos pedagógicos sem vivenciar o uso da tecnologia. O desejável é saber explorar os aspectos pedagógicos por intermédio dos recursos oferecidos pelas TIC. Para que esta articulação aconteça é fundamental que as TIC estejam contextualizadas no sistema educacional e, por conseguinte, na escola, na sala de aula e nas diferentes disciplinas. É o educador, no seu contexto de trabalho, que poderá mais adequadamente explorar as TIC como recurso pedagógico”. (VALENTE, José, 1991, Computadores e Conhecimento: repensando a educação, s/p).Esta formação e sobretudo o que li e pratiquei sobre este domínio, demonstrou-me claramente que o computador é um instrumento que enriquece muito a prática pedagógica; que o professor precisa estar preparado para o uso desta tecnologia; deve estar sempre o mais actualizado possível; tem que estar motivado pelo desejo de crescer, de aprender, de ensinar e ter consciência da necessidade de criar e inovar constantemente.Em jeito de conclusão, diria que não devemos esperar que o computador traga uma solução mágica e rápida para a educação, mas certamente, ele poderá ser usado pelo professor como um importante instrumento pedagógico, dando oportunidade ao aluno que amplie o seu conhecimento e a sua criatividade, pois afinal a criatividade não se ensina, constrói-se. Terminaria com um provérbio que em poucas palavras, traduz aquilo que a educação dever ser…

“Diz-me, e eu esquecerei;
Ensina-me e eu lembrar-me-ei;
Envolve-me, e eu aprenderei”.
(Autor desconhecido).