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quinta-feira, 31 de março de 2011

Super-herói!


Acordei sobressaltado ao ouvir um ruído que vinha da janela do meu quarto. Fiquei assustado! Seria uma tempestade? Seria um assalto? Precipitei-me para a janela e espreitei, receoso. Avistei um vulto, um homem a levitar. Empurrou a janela e esta abriu-se. Era o Action-man. Exclamei:

- Estou a sonhar, pois o Action-man não existe.

Ao que ele me respondeu:

- Não te assustes. Vem comigo, vamos ver o mundo.

Ver este mundo que dizem estar de tanga? Ainda por cima com o Action-man? Devo estar mesmo a sonhar, pensei eu. Nisto, ele agarra-me pelo braço e saímos a voar. Aproximámo-nos do mar e vi uma espécie de lagarto enorme, que me apeteceu chamar-lhe “Lagartossauro”. De seguida, ao passarmos por um lago pareceu-me ver o monstro do lago Ness. Enfim, era uma sequência de imagens que me estavam a deixar completamente baralhado. Vi polvos cor de laranja, macacos ou gorilas que me faziam lembrar alguns lideres e ex-lideres do nosso Portugal. Mas, apesar de parecer uma república das bananas, e de uma aparente bandalheira (como diz o outro!), paradoxalmente sentia-se uma certa harmonia e respeito uns pelos outros. Começava a gostar deste mundo e a acreditar que afinal podia existir um mundo de grandes diferenças, mas também de grande harmonia e respeito; e mais, começava a acreditar que até o Action-man existia mesmo. Mas, de repente acordei! Estava na minha cama. Tinha sido de facto um sonho. Que tristeza senti nesse momento. Afinal o Action-man e esse mundo quase perfeito não existia mesmo. Naquele momento, desejei transformar-me em Action-man (ou talvez em Super-homem), para poder ir à Assembleia da República, de preferência num dia de aprovação de mais algum PEC, pegar naquela malta toda, fazê-los num molho e chutá-los para outro Planeta. E, com esta ideia, levantei-me, pelo menos, mais aliviado!


(Colectânea de textos originais de minha autoria)

Com um pedaço!


Com um pedaço de qualquer coisa, por mais simples que seja, podemos mudar a nossa vida e a dos outros. Regularmente, em resposta a vários apelos que nos vão chegando, seguimos caminho rumo a sul, em direcção aos subúrbios de uma grande metrópole. Como é hábito, levamos a nossa viatura carregada de pedaços de muitas coisas, sobretudo roupas e bens alimentares essências como leite, arroz, massas, bolachas… Quando entramos nesses bairros, onde há pessoas que vivem amontoadas e em condições desumanas, chamamos logo a atenção dos que estão, causando-nos, muitas vezes, uma sensação de grande receio e até medo. Mas, quando nos encontramos olhos nos olhos com essas pessoas, que nos franqueiam as portas e nos recebem de coração aberto, o medo desaparece e sentimo-nos, naquele momento, muito pequeninos e um pedaço deles também. Ao partilharmos uns pedaços da nossa “mercadoria” e vermos aqueles olhos embargados em lágrimas dizerem-nos: “- Muito obrigado! Nem sabem o quanto isto nos ajuda!”, percebemos o quanto um pedaço pode ser tão importante para alguém. Mas, percebo também que muito mais que um pedaço de algo material, deixamos também um pedaço de esperança, de conforto e de amizade, que, muitas vezes, mais tarde, com alegria verificamos que ajudou a mudar algumas vidas para melhor. Raramente levamos a solução, mas pelo menos levamos um pedaço de esperança e sobretudo de atenção a esta gente. Por vezes era apenas isso que lhes faltava; sentirem que são pessoas, que alguém pensa nelas e se preocupa com elas… Nem que seja só um Pedaço!


(Colectânea de originais de minha autoria)

Infância






Nas minhas memórias,

Ocorrem lembranças da meninice,

Um sem fim de histórias,

E de muita traquinice.


Do vale à montanha,

Numa aldeia atrás de um monte,

Emerge-me uma saudade tamanha,

Das brincadeiras junto à fonte.


Dias inteiros a pescar,

Umas vezes sozinho, outras acompanhado,

Prados e penhascos para ultrapassar,

E sempre feliz, apesar de cansado.


E hoje, recordo entre sorrisos,

Uma infância no tempo perdida,

Do vale da montanha, dos rios…

Uma lembrança nunca esquecida!


(Colectânea de originais de minha autoria)


Desejo!


África, Angola, terra onde nasci. Hoje, ainda sinto sabores, cheiros, imagens que passam como relâmpagos na minha memória, que muitas vezes me fazem sentir um saboroso e feliz regresso às minhas origens e a uma pequena parte da minha infância. Passados mais de trinta anos ainda não realizei o sonho de um regresso, de uma partida e de uma chegada. No entanto, felizmente, no meu dia-a-dia, com os meus gaiatos, grande parte deles africanos (como eu!) e com os seus hábitos, pronúncia, andar ritmado, futebol pouco disciplinado, mas alegre e mágico, vou matando saudades. Assim, vou aguardando por esse regresso com mais resignação embora esperando que ele se realize, um dia, de uma forma efectiva e sobretudo muito afectiva.

(Colectânea de originais de minha autoria)